Antônio Melo Costa nasceu no dia 05 de Setembro de 1933, em Aracaju,
Sergipe. Filho de João Dias da Costa e Acelina de Melo Costa, que tiveram 16
(dezesseis) filhos.
Quando tinha três meses de vida seus pais retornaram ao município de
Itabaianinha, Sergipe, de onde tinham fugido da maior seca do século XX no
Nordeste do Brasil, isto é, de 1930 até 1933. O seu pai nessa época possuía uma
área de terra onde cultivava agricultura e criava animais.
Na época da adolescência o jovem Antônio sonhava em ser Advogado,
profissão que era incentivada e apoiada pelo seu pai. Porém teve uma revelação
espiritual que mudou completamente o rumo da sua vida: abandonou tudo e
ingressou no Seminário da Igreja Católica, em Aracaju, e tinha apenas 14 anos
de idade. A sua irmã Professora Luíza de Melo Costa foi quem ensinou o
Catecismo e preparou-o para a Primeira Comunhão na Igreja Católica. Ela fez a
sua primeira batina e deu apoio.
No início da década de 1950 os seus pais se
mudaram para a cidade de Itapetinga, Bahia, onde já residiam alguns dos seus
filhos e filhas. O seu pai abriu uma firma chamada Auto Peças São João, no ramo
de peças para automóveis, no que foi bem sucedido. Então o Seminarista Antônio
Melo foi morar em Itapetinga e, em seguida, passou a estudar no Seminário da
vizinha cidade de Itambé. Depois foi para o Seminário de Salvador, na capital
do Estado da Bahia. Alguns anos depois foi estudar no Seminário de São José do
Rio Preto, Estado do Rio de Janeiro. No dia 29 de Junho de 1960 foi ordenado
Padre, aos vinte e seis anos de idade, na Igreja de São Pedro, no Rio de Janeiro, RJ.
Em 03 de Março de 1961 foi ser Padre Cooperador da Paróquia de Santo
Antônio, na cidade do Cabo (atual Cabo de Santo Agostinho), no Estado de
Pernambuco e depois se tornou Pároco. Passou 19 (dezenove) anos da sua vida em
Pernambuco, onde foi professor em diversas escolas, dentre as quais: Colégio
Santo Agostinho, Escola Profissional do Cabo (também, Diretor), Colégio
Estadual de Jaboatão, Escola Agrotécnica Federal de Escada (por alguns anos,
Diretor). Foi um dos principais idealizadores e fundadores da Cooperativa
Agrícola de Tiriri Limitada e, durante 16 (dezesseis) anos, administrou-a. Essa
cooperativa é um marco histórico bem sucedido no processo evolutivo da reforma
agrária brasileira, com promoção humana e justiça social, porque através dela
os camponeses e trabalhadores conseguiram obter Usinas de Açúcar e Álcool. Criou o SAC (Serviço de Ação Comunitária), que
era responsável pela Divulgadora A Voz da União, Escola Profissional do Cabo,
Escritório de Advocacia, Ambulatório, Refeitório Comunitário e Alojamento
Comunitário. Ajudou a Madre Iva na fundação do Abrigo São Francisco de Assis, a
fim de amparar idosos e ajudar na Educação Infantil do Bairro São Francisco.
Destacou-se nacionalmente e internacionalmente como um dos lutadores pela
criação e ampliação dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais no Brasil. Padre Antônio
Melo, Padre Paulo Crespo e demais líderes camponeses planejaram e organizaram o
histórico I Congresso de Trabalhadores Rurais do Brasil, que aconteceu em
Itabuna, no Estado da Bahia, cujo encerramento foi em 13 de Maio de 1962, no
governo do Presidente João Goulart (fase parlamentarista) e sendo o
Primeiro-Ministro Tancredo Neves, o Ministro da Agricultura Armando Monteiro
Filho e o Ministro do Trabalho Deputado Federal Franco Montoro, onde a
principal conquista da categoria foi obter 23 Cartas Sindicais do Ministério do
Trabalho legalizando os respectivos sindicatos. Padre Antônio Melo Costa idealizou
e lutou pela criação da aposentadoria do trabalhador rural velho, cuja lei foi
assinada pelo Presidente General Costa e Silva no dia 1º de Maio de 1969, cujo
nome era Plano Básico da Previdência Rural, sendo pago naquela época meio
salário mínimo para cada aposentado. Por isso a primeira aposentadoria de um
trabalhador rural velho do Brasil foi feita na Casa Paroquial do Padre Melo, na
cidade do Cabo, Estado de Pernambuco, pelo então Ministro do Trabalho e
Previdência Social Coronel Jarbas Passarinho. Este projeto foi reconhecido como
sendo o maior programa de distribuição de micro crédito do mundo! O Padre Melo
criou o Vocacionário Dom Carlos Coelho (ex-Arcebispo de Olinda e Recife que
após morrer em 1964 foi sucedido por Dom Hélder Câmara), cujo objetivo
principal era educar as pessoas dentro de uma nova filosofia de vida cristã e
social. Foi o criador do primeiro grupo de jovens da Arquidiocese de Olinda e
Recife, o JURC (Juventude de Renovação Católica), que dentre outras coisas
introduziu o uso de instrumentos musicais regionais nas músicas tocadas nas
missas, dentro da nova orientação do Concílio Vaticano II. Por algum tempo o
Padre Melo assumiu as paróquias dos municípios de Escada, Primavera, Amaraji e
Ipojuca. Ele sempre foi um colaborador e admirador apaixonado dos trabalhos
desenvolvidos pelos Franciscanos (Ordem Terceira de São Francisco de Assis) e
Vicentinos (Sociedade de São Vicente de Paulo).
Em 1964, o Padre Melo lançou o seu primeiro livro: “Mundo de Deus, Mundo
de Todos”. Esta obra foi classificada como subversiva e proibida pela censura
do governo ditatorial. Mesmo assim o Padre Antônio Melo fez a publicação,
clandestinamente, desobedecendo a proibição e justificava: “Para se fazer
revolução não se pede licença nem autorização!”. Este livro aborda a aplicação
prática da Doutrina Social da Igreja Católica.
O Padre Melo foi citado em um capítulo inteiro do livro “Sete Palmos de
Terra e um Caixão”, de autoria do Escritor, Cientista e Professor Josué de
Castro, como sendo o criador do melhor modelo de Reforma Agrária. Este livro
foi publicado em 1964 e traduzido em 19 idiomas. O título deste livro é uma
crítica a situação de semi-escravidão, a qual os camponeses eram submetidos no
Brasil.
Sobre dados estatísticos da década de 1960, o Padre Melo foi incluído no
Almanaque Mundial como sendo um dos três homens mais famosos do mundo.
No dia 31 de Agosto de 1969 o Presidente da República General Arthur da
Costa e Silva foi afastado do cargo por ter sofrido uma trombose cerebral e o
seu Vice-Presidente Dr. Pedro Aleixo (Advogado e Professor de Direito Penal)
foi impedido de assumir a Presidência devido a um golpe militar e político sob
a alegação de ter sido contra o Ato Institucional nº 5 (AI-5). O Presidente Costa e Silva e o
Vice-Presidente Dr. Pedro Aleixo foram eleitos pelo Congresso Nacional no dia
03 de Outubro de 1966 e empossados em 15 de Março de 1967 para um mandato de
quatro anos, ou seja, até 15 de Março de 1971. Então, o Padre Melo ficou
solidário com o Dr. Pedro Aleixo e, a partir deste fato se uniram na luta pela
criação do Partido Democrático Republicano (PDR), também conhecido como o 3º
Partido, porque nessa época vigorava o bi-partidarismo, isto é, somente
existiam o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que era contra o governo, e
Aliança Renovadora Nacional (ARENA), que apoiava o governo. O PDR objetivava,
principalmente, acabar com o bi-partidarismo, convocação de uma nova Assembléia
Nacional Constituinte, Eleições Diretas e consolidação do Estado Democrático de
Direito. A partir de 1975 o Padre Melo foi o Presidente da Comissão Regional do
PDR no Estado de Pernambuco.
Em 1970, no auge das perseguições políticas, o Padre Melo foi proibido
de publicar o seu segundo livro no Brasil. Então, esta obra foi enviada para
ser publicada nos Estados Unidos, cujo título é “The Coming Revolution in
Brazil”. A tradução do título para o Português também pode ser “A Revolução
Acontecendo no Brasil”. Enquanto o AI-5 esteve em vigor este livro foi proibido
de entrar no Brasil. Por isso, em 1977, no Governo do General Ernesto Gaisel,
quando um jornalista importou dois exemplares desta obra e, ao chegar a
encomenda nos Correios da cidade do Recife, o Padre Antônio Melo Costa foi
preso, interrogado e processado. Só conseguiu escapar vivo devido a grande
pressão dos seus amigos e aliados políticos. Ainda em 1977, o Padre Melo, então
Presidente da Comissão Regional do PDR no Estado de Pernambuco lançou, sem
autorização da censura, o seu terceiro livro: “PDR – Partido Democrático
Republicano – (em Formação) o 3º Partido – Ao Alcance de Todos”, cujo objetivo
principal foi o de contribuir na aceleração do processo de redemocratização do
Brasil.
Já no Governo do Presidente General João Figueiredo foi sancionada a Lei
da Anistia em 1979 e, em seguida, da extinção do bi-partidarismo. Dessa forma o
PDR cumpriu um papel histórico fundamental, porque enfrentou a ditadura sem
sair da legalidade e, depois, liberou os seus militantes para que ingressassem
nos novos partidos políticos que foram surgindo. Por isso o PDR foi extinto.
Em 1982, em outras condições, o Padre Melo foi candidato a Governador do
Estado de Pernambuco pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Ele ganhou
todos os debates e foi apontado como o vencedor na pesquisa de intenção de
voto, no entanto, o governo da época (herança da ditadura) inventou o “voto
vinculado”, isto é, o eleitor só podia votar na Chapa Eleitoral em candidatos
do mesmo partido. Este golpe eleitoral evitou o avanço dos pequenos partidos
que estavam surgindo. Por este motivo ele foi derrotado nas eleições, mas teve
a oportunidade de divulgar o seu programa de governo cientificamente planejado.
No ano de 1979 o Padre Antônio Melo Costa mudou-se para a cidade de
Castanhal, Estado do Pará, ou seja, pediu a transferência do emprego de
professor da Escola Agrotécnica Federal de Escada, em Pernambuco, para a Escola
Agrotécnica Federal de Castanhal (atual IFPA - Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Pará –Campus Castanhal) onde foi professor até se
aposentar. Ao tomar conhecimento da
chegada do Padre Melo na cidade o Monsenhor Manoel Teixeira de Souza foi
visitá-lo e fez um convite para ser Padre Coadjutor dele na Paróquia de São
José e residir na Casa Paroquial. Ambos se tornaram grandes amigos e
desenvolveram importantes trabalhos em prol da Igreja Católica no município. Ele
ajudou na criação de novas e necessárias paróquias devido ao crescimento
populacional e expansão da cidade. Por exemplo, a Paróquia de Cristo Jovem, no
Bairro Estrela, foi fundada pelo Padre Melo. Colaborou na melhoria da
evangelização das Paróquias de Santana, no Distrito do Apeú; Santa Terezinha,
no Bairro da Jaderlândia; Cristo Rei, no Bairro do Milagre; Paróquia de Santa
Cruz, no Bairro da Saudade (Cohab). O Padre Melo foi o fundador das Comunidades
Eclesiais de Base nas paróquias do município de Castanhal. Também fundou a APACHU
(Academia de Prática das Ciências Humanas), com a finalidade de ajudar as
pessoas interessadas em desenvolver as forças paranormais e auxiliar os
necessitados. Apoiou e ajudou a Sociedade de São Vicente de Paulo – Conselho Central
de Castanhal (SSVP – CCC) e a Sociedade Beneficente São Francisco das Chagas.
Em Castanhal o Padre Melo lecionou na Escola Modelo, Centro Educacional Papa
João XXIII, Colégio São José. Ele teve uma participação ativa em vários
movimentos sociais e políticos, sempre visando o bem da coletividade.
No Estado do Pará o Padre Antônio Melo também residiu por alguns anos na
cidade de Irituia, onde ajudou bastante os trabalhos de evangelização da Igreja
Católica; organização e promoção humana dos agricultores e trabalhadores
rurais; educação e conscientização política das pessoas. Pelo reconhecimento
destes trabalhos ele recebeu da Câmara Municipal o título de Cidadão do
Município de Irituia e a Biblioteca Pública Municipal recebeu o nome de “Biblioteca
Padre Antônio Melo Costa”. Homenagens do povo para uma pessoa que muito ajudou
no desenvolvimento do município.
Durante os anos em que o Padre Melo viveu no Estado do Pará são
incontáveis as palestras, as conferências, as Santas Missões, encontros de
grupos religiosos, de casais, jovens e idosos. Ele sempre levou palavras sábias
de esperança e confiança em Deus! Alguns destes eventos aconteceram em Belém,
capital do Pará, mas a maioria no interior do estado. Ele passou algum tempo no
município de Bragança difundindo a Doutrina Social da Igreja Católica. No
município de Inhangapi ajudou trabalhos de evangelização. Ele gostava bastante
do contato com os Povos da Floresta (ribeirinhos, pescadores, extrativistas,
agricultores, índios e seus descendentes). Era um ecologista consciente, sempre
ensinando às pessoas a importância de se conviver harmoniosamente com a
natureza! Visitou outros estados da Amazônia sendo convidado para proferir
palestras.
Em 1991 a pedido do então Arcebispo de Aracaju Dom Luciano Cabral
Duarte, o Padre Melo assumiu temporariamente a Paróquia da Catedral
Metropolitana em substituição ao Pároco que estava bastante doente. Depois
administrou a Paróquia de São Marcos, município de Nossa Senhora do Perpétuo
Socorro. Também administrou a Paróquia do município de Carmópolis. Nesta fase
fez visitas e Santas Missões em vários municípios do Estado de Sergipe. Em
Aracaju, na TV Canção Nova o Padre Melo constantemente dava entrevistas sobre
assuntos religiosos e políticos. Foi por algum tempo Orientador Espiritual da
Renovação Carismática Católica e Capelão da Universidade Tiradentes (UNIT).
Também foi Diretor Espiritual do Grupo “Encontro de Casais com Cristo”.
Colaborou com a Casa da Providência. Apoiou e participou do Grito dos
Excluídos.
O Padre Melo sempre vinha ao Estado do Pará porque estava ligado
profissionalmente a Escola Agrotécnica Federal de Castanhal (hoje IFPA) e,
também, tinha muitos amigos em vários setores da sociedade. Ele tinha a
intenção de voltar a residir definitivamente em Castanhal, mas a partir de 1995
o seu estado de saúde foi piorando gradativamente e impedindo-o de fazer
viagens longas. Aqui em Castanhal o Padre Melo deixou o seu sobrinho e Afilhado
de Crisma Professor Eugenio Bartolomeu Costa Ferraz (filho da sua irmã Professora
Luíza de Melo Costa Ferraz e do Escritor Sr. Valdemar de Souza Ferraz), que vem
continuando o seu trabalho, divulgado e perpetuado a sua memória, haja vista
que desde criança sempre esteve ligado ao mesmo.
No dia 16 de Agosto de 2002, em Aracaju, o
Padre Antônio Melo Costa foi internado no Hospital São José com insuficiência
renal. No dia seguinte saiu do apartamento para a UTI (Unidade de Tratamento
Intensivo), porque o seu quadro clínico era grave. Às duas hora e cinco minutos
do dia 19 de Agosto de 2002, uma Segunda-Feira, que o Padre Melo faleceu. O seu
corpo foi velado durante toda a manhã na Catedral Metropolitana de Aracaju,
onde foi celebrada uma Missa de Corpo Presente com grande participação popular.
No início da tarde o seu corpo foi transportado em um grande cortejo com
destino a cidade de Tobias Barreto, Estado de Sergipe (fronteira com a Bahia) onde
recebeu homenagens e Missa de Corpo Presente na Igreja de Nossa Senhora
Imperatriz dos Campos. Às vinte horas foi sepultado no cemitério da cidade com
acompanhamento de uma grande multidão de parentes, amigos e admiradores.
Com toda a certeza o trabalho e a obra do Padre Melo continuará dando
bons frutos e servindo de luz e exemplo para quem quiser!
Castanhal, Pará, 25 de Abril de 2012.
Professor Eugenio Bartolomeu Costa Ferraz
- Especialista em Educação e
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