quinta-feira, 10 de maio de 2012

PADRE ANTÔNIO MELO COSTA – PADRE MELO (Resumo Biográfico)


        Antônio Melo Costa nasceu no dia 05 de Setembro de 1933, em Aracaju, Sergipe. Filho de João Dias da Costa e Acelina de Melo Costa, que tiveram 16 (dezesseis) filhos.
        Quando tinha três meses de vida seus pais retornaram ao município de Itabaianinha, Sergipe, de onde tinham fugido da maior seca do século XX no Nordeste do Brasil, isto é, de 1930 até 1933. O seu pai nessa época possuía uma área de terra onde cultivava agricultura e criava animais.
        Na época da adolescência o jovem Antônio sonhava em ser Advogado, profissão que era incentivada e apoiada pelo seu pai. Porém teve uma revelação espiritual que mudou completamente o rumo da sua vida: abandonou tudo e ingressou no Seminário da Igreja Católica, em Aracaju, e tinha apenas 14 anos de idade. A sua irmã Professora Luíza de Melo Costa foi quem ensinou o Catecismo e preparou-o para a Primeira Comunhão na Igreja Católica. Ela fez a sua primeira batina e deu apoio.
        No início da década de 1950 os seus pais se mudaram para a cidade de Itapetinga, Bahia, onde já residiam alguns dos seus filhos e filhas. O seu pai abriu uma firma chamada Auto Peças São João, no ramo de peças para automóveis, no que foi bem sucedido. Então o Seminarista Antônio Melo foi morar em Itapetinga e, em seguida, passou a estudar no Seminário da vizinha cidade de Itambé. Depois foi para o Seminário de Salvador, na capital do Estado da Bahia. Alguns anos depois foi estudar no Seminário de São José do Rio Preto, Estado do Rio de Janeiro. No dia 29 de Junho de 1960 foi ordenado Padre, aos vinte e seis anos de idade, na Igreja de São Pedro, no Rio de Janeiro, RJ.
        Em 03 de Março de 1961 foi ser Padre Cooperador da Paróquia de Santo Antônio, na cidade do Cabo (atual Cabo de Santo Agostinho), no Estado de Pernambuco e depois se tornou Pároco. Passou 19 (dezenove) anos da sua vida em Pernambuco, onde foi professor em diversas escolas, dentre as quais: Colégio Santo Agostinho, Escola Profissional do Cabo (também, Diretor), Colégio Estadual de Jaboatão, Escola Agrotécnica Federal de Escada (por alguns anos, Diretor). Foi um dos principais idealizadores e fundadores da Cooperativa Agrícola de Tiriri Limitada e, durante 16 (dezesseis) anos, administrou-a. Essa cooperativa é um marco histórico bem sucedido no processo evolutivo da reforma agrária brasileira, com promoção humana e justiça social, porque através dela os camponeses e trabalhadores conseguiram obter Usinas de Açúcar e Álcool.  Criou o SAC (Serviço de Ação Comunitária), que era responsável pela Divulgadora A Voz da União, Escola Profissional do Cabo, Escritório de Advocacia, Ambulatório, Refeitório Comunitário e Alojamento Comunitário. Ajudou a Madre Iva na fundação do Abrigo São Francisco de Assis, a fim de amparar idosos e ajudar na Educação Infantil do Bairro São Francisco. Destacou-se nacionalmente e internacionalmente como um dos lutadores pela criação e ampliação dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais no Brasil. Padre Antônio Melo, Padre Paulo Crespo e demais líderes camponeses planejaram e organizaram o histórico I Congresso de Trabalhadores Rurais do Brasil, que aconteceu em Itabuna, no Estado da Bahia, cujo encerramento foi em 13 de Maio de 1962, no governo do Presidente João Goulart (fase parlamentarista) e sendo o Primeiro-Ministro Tancredo Neves, o Ministro da Agricultura Armando Monteiro Filho e o Ministro do Trabalho Deputado Federal Franco Montoro, onde a principal conquista da categoria foi obter 23 Cartas Sindicais do Ministério do Trabalho legalizando os respectivos sindicatos. Padre Antônio Melo Costa idealizou e lutou pela criação da aposentadoria do trabalhador rural velho, cuja lei foi assinada pelo Presidente General Costa e Silva no dia 1º de Maio de 1969, cujo nome era Plano Básico da Previdência Rural, sendo pago naquela época meio salário mínimo para cada aposentado. Por isso a primeira aposentadoria de um trabalhador rural velho do Brasil foi feita na Casa Paroquial do Padre Melo, na cidade do Cabo, Estado de Pernambuco, pelo então Ministro do Trabalho e Previdência Social Coronel Jarbas Passarinho. Este projeto foi reconhecido como sendo o maior programa de distribuição de micro crédito do mundo! O Padre Melo criou o Vocacionário Dom Carlos Coelho (ex-Arcebispo de Olinda e Recife que após morrer em 1964 foi sucedido por Dom Hélder Câmara), cujo objetivo principal era educar as pessoas dentro de uma nova filosofia de vida cristã e social. Foi o criador do primeiro grupo de jovens da Arquidiocese de Olinda e Recife, o JURC (Juventude de Renovação Católica), que dentre outras coisas introduziu o uso de instrumentos musicais regionais nas músicas tocadas nas missas, dentro da nova orientação do Concílio Vaticano II. Por algum tempo o Padre Melo assumiu as paróquias dos municípios de Escada, Primavera, Amaraji e Ipojuca. Ele sempre foi um colaborador e admirador apaixonado dos trabalhos desenvolvidos pelos Franciscanos (Ordem Terceira de São Francisco de Assis) e Vicentinos (Sociedade de São Vicente de Paulo).
        Em 1964, o Padre Melo lançou o seu primeiro livro: “Mundo de Deus, Mundo de Todos”. Esta obra foi classificada como subversiva e proibida pela censura do governo ditatorial. Mesmo assim o Padre Antônio Melo fez a publicação, clandestinamente, desobedecendo a proibição e justificava: “Para se fazer revolução não se pede licença nem autorização!”. Este livro aborda a aplicação prática da Doutrina Social da Igreja Católica.
        O Padre Melo foi citado em um capítulo inteiro do livro “Sete Palmos de Terra e um Caixão”, de autoria do Escritor, Cientista e Professor Josué de Castro, como sendo o criador do melhor modelo de Reforma Agrária. Este livro foi publicado em 1964 e traduzido em 19 idiomas. O título deste livro é uma crítica a situação de semi-escravidão, a qual os camponeses eram submetidos no Brasil.
        Sobre dados estatísticos da década de 1960, o Padre Melo foi incluído no Almanaque Mundial como sendo um dos três homens mais famosos do mundo.
        No dia 31 de Agosto de 1969 o Presidente da República General Arthur da Costa e Silva foi afastado do cargo por ter sofrido uma trombose cerebral e o seu Vice-Presidente Dr. Pedro Aleixo (Advogado e Professor de Direito Penal) foi impedido de assumir a Presidência devido a um golpe militar e político sob a alegação de ter sido contra o Ato Institucional nº 5 (AI-5).  O Presidente Costa e Silva e o Vice-Presidente Dr. Pedro Aleixo foram eleitos pelo Congresso Nacional no dia 03 de Outubro de 1966 e empossados em 15 de Março de 1967 para um mandato de quatro anos, ou seja, até 15 de Março de 1971. Então, o Padre Melo ficou solidário com o Dr. Pedro Aleixo e, a partir deste fato se uniram na luta pela criação do Partido Democrático Republicano (PDR), também conhecido como o 3º Partido, porque nessa época vigorava o bi-partidarismo, isto é, somente existiam o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que era contra o governo, e Aliança Renovadora Nacional (ARENA), que apoiava o governo. O PDR objetivava, principalmente, acabar com o bi-partidarismo, convocação de uma nova Assembléia Nacional Constituinte, Eleições Diretas e consolidação do Estado Democrático de Direito. A partir de 1975 o Padre Melo foi o Presidente da Comissão Regional do PDR no Estado de Pernambuco.
        Em 1970, no auge das perseguições políticas, o Padre Melo foi proibido de publicar o seu segundo livro no Brasil. Então, esta obra foi enviada para ser publicada nos Estados Unidos, cujo título é “The Coming Revolution in Brazil”. A tradução do título para o Português também pode ser “A Revolução Acontecendo no Brasil”. Enquanto o AI-5 esteve em vigor este livro foi proibido de entrar no Brasil. Por isso, em 1977, no Governo do General Ernesto Gaisel, quando um jornalista importou dois exemplares desta obra e, ao chegar a encomenda nos Correios da cidade do Recife, o Padre Antônio Melo Costa foi preso, interrogado e processado. Só conseguiu escapar vivo devido a grande pressão dos seus amigos e aliados políticos. Ainda em 1977, o Padre Melo, então Presidente da Comissão Regional do PDR no Estado de Pernambuco lançou, sem autorização da censura, o seu terceiro livro: “PDR – Partido Democrático Republicano – (em Formação) o 3º Partido – Ao Alcance de Todos”, cujo objetivo principal foi o de contribuir na aceleração do processo de redemocratização do Brasil.
        Já no Governo do Presidente General João Figueiredo foi sancionada a Lei da Anistia em 1979 e, em seguida, da extinção do bi-partidarismo. Dessa forma o PDR cumpriu um papel histórico fundamental, porque enfrentou a ditadura sem sair da legalidade e, depois, liberou os seus militantes para que ingressassem nos novos partidos políticos que foram surgindo. Por isso o PDR foi extinto.
         Em 1982, em outras condições, o Padre Melo foi candidato a Governador do Estado de Pernambuco pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Ele ganhou todos os debates e foi apontado como o vencedor na pesquisa de intenção de voto, no entanto, o governo da época (herança da ditadura) inventou o “voto vinculado”, isto é, o eleitor só podia votar na Chapa Eleitoral em candidatos do mesmo partido. Este golpe eleitoral evitou o avanço dos pequenos partidos que estavam surgindo. Por este motivo ele foi derrotado nas eleições, mas teve a oportunidade de divulgar o seu programa de governo cientificamente planejado.
        No ano de 1979 o Padre Antônio Melo Costa mudou-se para a cidade de Castanhal, Estado do Pará, ou seja, pediu a transferência do emprego de professor da Escola Agrotécnica Federal de Escada, em Pernambuco, para a Escola Agrotécnica Federal de Castanhal (atual IFPA - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará –Campus Castanhal) onde foi professor até se aposentar.  Ao tomar conhecimento da chegada do Padre Melo na cidade o Monsenhor Manoel Teixeira de Souza foi visitá-lo e fez um convite para ser Padre Coadjutor dele na Paróquia de São José e residir na Casa Paroquial. Ambos se tornaram grandes amigos e desenvolveram importantes trabalhos em prol da Igreja Católica no município. Ele ajudou na criação de novas e necessárias paróquias devido ao crescimento populacional e expansão da cidade. Por exemplo, a Paróquia de Cristo Jovem, no Bairro Estrela, foi fundada pelo Padre Melo. Colaborou na melhoria da evangelização das Paróquias de Santana, no Distrito do Apeú; Santa Terezinha, no Bairro da Jaderlândia; Cristo Rei, no Bairro do Milagre; Paróquia de Santa Cruz, no Bairro da Saudade (Cohab). O Padre Melo foi o fundador das Comunidades Eclesiais de Base nas paróquias do município de Castanhal. Também fundou a APACHU (Academia de Prática das Ciências Humanas), com a finalidade de ajudar as pessoas interessadas em desenvolver as forças paranormais e auxiliar os necessitados. Apoiou e ajudou a Sociedade de São Vicente de Paulo – Conselho Central de Castanhal (SSVP – CCC) e a Sociedade Beneficente São Francisco das Chagas. Em Castanhal o Padre Melo lecionou na Escola Modelo, Centro Educacional Papa João XXIII, Colégio São José. Ele teve uma participação ativa em vários movimentos sociais e políticos, sempre visando o bem da coletividade.
        No Estado do Pará o Padre Antônio Melo também residiu por alguns anos na cidade de Irituia, onde ajudou bastante os trabalhos de evangelização da Igreja Católica; organização e promoção humana dos agricultores e trabalhadores rurais; educação e conscientização política das pessoas. Pelo reconhecimento destes trabalhos ele recebeu da Câmara Municipal o título de Cidadão do Município de Irituia e a Biblioteca Pública Municipal recebeu o nome de “Biblioteca Padre Antônio Melo Costa”. Homenagens do povo para uma pessoa que muito ajudou no desenvolvimento do município.
        Durante os anos em que o Padre Melo viveu no Estado do Pará são incontáveis as palestras, as conferências, as Santas Missões, encontros de grupos religiosos, de casais, jovens e idosos. Ele sempre levou palavras sábias de esperança e confiança em Deus! Alguns destes eventos aconteceram em Belém, capital do Pará, mas a maioria no interior do estado. Ele passou algum tempo no município de Bragança difundindo a Doutrina Social da Igreja Católica. No município de Inhangapi ajudou trabalhos de evangelização. Ele gostava bastante do contato com os Povos da Floresta (ribeirinhos, pescadores, extrativistas, agricultores, índios e seus descendentes). Era um ecologista consciente, sempre ensinando às pessoas a importância de se conviver harmoniosamente com a natureza! Visitou outros estados da Amazônia sendo convidado para proferir palestras.
        Em 1991 a pedido do então Arcebispo de Aracaju Dom Luciano Cabral Duarte, o Padre Melo assumiu temporariamente a Paróquia da Catedral Metropolitana em substituição ao Pároco que estava bastante doente. Depois administrou a Paróquia de São Marcos, município de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Também administrou a Paróquia do município de Carmópolis. Nesta fase fez visitas e Santas Missões em vários municípios do Estado de Sergipe. Em Aracaju, na TV Canção Nova o Padre Melo constantemente dava entrevistas sobre assuntos religiosos e políticos. Foi por algum tempo Orientador Espiritual da Renovação Carismática Católica e Capelão da Universidade Tiradentes (UNIT). Também foi Diretor Espiritual do Grupo “Encontro de Casais com Cristo”. Colaborou com a Casa da Providência. Apoiou e participou do Grito dos Excluídos.
        O Padre Melo sempre vinha ao Estado do Pará porque estava ligado profissionalmente a Escola Agrotécnica Federal de Castanhal (hoje IFPA) e, também, tinha muitos amigos em vários setores da sociedade. Ele tinha a intenção de voltar a residir definitivamente em Castanhal, mas a partir de 1995 o seu estado de saúde foi piorando gradativamente e impedindo-o de fazer viagens longas. Aqui em Castanhal o Padre Melo deixou o seu sobrinho e Afilhado de Crisma Professor Eugenio Bartolomeu Costa Ferraz (filho da sua irmã Professora Luíza de Melo Costa Ferraz e do Escritor Sr. Valdemar de Souza Ferraz), que vem continuando o seu trabalho, divulgado e perpetuado a sua memória, haja vista que desde criança sempre esteve ligado ao mesmo.
        No dia 16 de Agosto de 2002, em Aracaju, o Padre Antônio Melo Costa foi internado no Hospital São José com insuficiência renal. No dia seguinte saiu do apartamento para a UTI (Unidade de Tratamento Intensivo), porque o seu quadro clínico era grave. Às duas hora e cinco minutos do dia 19 de Agosto de 2002, uma Segunda-Feira, que o Padre Melo faleceu. O seu corpo foi velado durante toda a manhã na Catedral Metropolitana de Aracaju, onde foi celebrada uma Missa de Corpo Presente com grande participação popular. No início da tarde o seu corpo foi transportado em um grande cortejo com destino a cidade de Tobias Barreto, Estado de Sergipe (fronteira com a Bahia) onde recebeu homenagens e Missa de Corpo Presente na Igreja de Nossa Senhora Imperatriz dos Campos. Às vinte horas foi sepultado no cemitério da cidade com acompanhamento de uma grande multidão de parentes, amigos e admiradores.
        Com toda a certeza o trabalho e a obra do Padre Melo continuará dando bons frutos e servindo de luz e exemplo para quem quiser!

Castanhal, Pará, 25 de Abril de 2012.

Professor  Eugenio Bartolomeu Costa Ferraz
- Especialista em Educação e Escritor –

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